Som na caixa

30.11.08

Falei de outras vezes, agora sem ela.
Eu a esqueci no solo, jangadas distante, enquanto arremessava ar como pedras, para partir.
Ela, deriva. Ainda às vezes é assim. Parto com suas mãos dadas.
Revia em seus olhos a faca que vinha na sobra. Os lábios jamais dimensionam. Descaminho. Seriam lábios. Lembra-se: era este.
passo
pelo
teu
não
na
cavidade
do
que
ele,
sedimento,
experimenta
em
mim

23.11.08



crédito da foto andrea lion


crédito da foto belle albuquerque





Então é assim
Esquecer o roteiro , escapulir.
Deixar os movimentos soltos. Combinado?
A gente empina, solta, decola.
Para lá de fora de ordem
E depois não voltar cedo, andar em cima da linha, estrebuchar.
No improviso.
Quem inventar, ganha.
E se a música tiver graça, a gente ri, e quem não rir, tem cara de sério.

tão feliz pelas companhias, com vontade de agradecer
um dia Sahyja e Clarice


fina flor do que há de bom

21.11.08

o sonho do escritor

Sem título
e à noite
uma caneta idêntica
a tantas outras canetas

e sem título à noite
um "sonho dentro de um filme
chamado A Cidade Petrificada"
você, nele, imaginando

erradamente
mais luz
Mais tarde isso poderia ser chamado de
" O Sonho do Escritor"

porque não teve palavras
só certas distâncias para servir
no lugar de um título



Michael Palmer

uma poesia de Ricardo Domeneck

o acúmulo de importância
é escolha da memória
todo nome
aproximado ao acaso
do desentendimento
a pele a qualquer
momento pode
desenvolver reações
alérgicas ao
por anos óbvio
do lógico
e se o significado
reside no uso
do contexto
preciso encontrar outra
forma do insubstituível
sim
a sobrevivência exige
incoerência e cicatrizes

18.11.08

não veja ironia
onde o amor é piada
o amor é pigarro e você
tosse
recolhe o desejo
pede licença
e depois se resolve

13.11.08

8. Escuta: tu tens um nome, mas considera isso um truque. É a tua sombra que tem o teu nome. Tu te chamas todo o resto.


retirado do poema DE UMBRA, que está no livro um pequeno sistema de incerteza, de Marcello Sorrentino

O dragão

Era uma vez um dragão grandão. Ele sempre achou que bicho pequeno não tinha direito à nada porque não tinha força para exigir.
Em volta do dragão viviam os gatonildos que sofriam muito porque eram pequenos e fracos.
Um dia, só de maldade, resolveu não deixar os gatonildos beberem água no rio.
Mas teve uma hora, quando não agüentavam mais, que os gatonildos avançaram, derrubaram o dragão e beberam à vontade.
Foi aí que eles descobriram que esse negócio de força depende do tamanho da sede que a gente tem.




Esta história está no livro O Dragão , da coleção Dias Felizes, da editora Ebal. Eu adorei, li hoje para a Sahyja. Um dia eu estava passando ali no Largo do Machado, na feirinha que está tendo, nossa, fiquei super feliz quando vi uma banca cheinha de livros infantis de outras épocas. Ai que sensação boa, aquelas ilustrações antigas, as histórias que eram contadas nos livros. Cheguei em casa ,pensando em como a Sahyja ia receber os livrinhos, ela pirou! Adorou. Agora da até mais vontade de ler antes dela dormir. Ufa!!
nada tão fora de bola
você , ai, você, você, você
por isso a garota sem estilo
suave toque, desistido
existe aqui e existe aí




nestes dias não consigo escrever, as únicas frases foram estas, que agreguei num formato poema. o que deu, não sei.

amigas






ilustram esta foto: Nora Fortunato , Isabelle Albuquerque, Andrea Lion. Na ordem esquerda- direita.

9.11.08

sem título

Estou ainda tentando acreditar no poema levado em aula por Fernando Paço. Bom demais da conta. Chama-se "cabelo grande impede poesia".
Outras poesias que adorei e li esta semana: Ìtaca, de Angélica Freitas; Acquaviva ,de Walter Gam e Mundo como vitral partido, de Ismar Tirelli Neto



ítaca


se quiser empreender viagem a ítaca
ligue antes
porque parece que tudo em ítaca
está lotado
os bares os restaurantes
os hotéis baratos
os hotéis caros
já não se pode viajar sem reservas
ao mar jônico
e mesmo a viagem
de dez horas parece dez anos
stop-overs no egito?
nem pensar
e os free-shops estão cheios
de cheiros que se podem comprar
com cartão de crédito.
toda a vida você quis
visitar a grécia
era um sonho de infância
concebido na adultez
itália, frança: adultério
(coisa de adultos?
não escuto resposta).
bem, se quiser vá a ítaca
peça que um primo
lhe empreste euros e vá a ítaca
é mais barato ir à ilha de comandatuba
mas dizem que o azul do mar
não é igual.
aproveite para mandar e-mails
dos cybercafés locais
quem manda postais?
mande fotos digitais.
torre no sol
leve hipoglós
em ítaca comprenderá
para que serve
a hipoglós.


mundo como vitral partido

dentro em que pese
a rédea solta
é costume eu falar
bem lento comigo mesmo

- talvez por isso
mesmo;

não me quero dar ao susto-

é costume eu falar dentro
bastante lento e contra
o que me em-puxa
a tantos ventos
cidade fora
que eu já nem sei se a persigo
ou se é ela que vem rugindo
atrás de mim rugindo
essas coisas duras de asfalto
e que também são luz

nenhum cantar possível de poste?

pois eu aqui falo lentíssimo
enunciado caco
por caco retalho
por retalho- rapsódia
aqui ao que me faço
( uma delicada
arquitetura de álbuns)
e as palavras bem miúdas
não do que trazem

não

nunca

mas bem miúdas de si





Estas poesias me ajudam . As 4. Significam muito.







nesta semana intensa, abordo minhas vontades com a seguinte clareza:
começar a fazer tudo o que sempre quis.assim, todas de uma vez mesmo.
tenho experimentado cada X que desenho nos quadradinhos como uma revelação. três coisas mais difíceis, duas ligadas ao corpo. outra, sobre a forma de abordar o amor.
na escala cumprida: aula de harmonia, violão, e francês.
Aí sim musicar poemas, compor, traduzir


sonhos.

e nada a ver com este papo, ontem me apaixonei por uma mulher.Rebecca. que está no filme de Woody Allen
Aí está ela:







as outras beldades do filme:






fim do filme, a frase da Andrea: queria ser o quinto elemento
haha







Saio para dançar. As três. Caio na gargalhada. Andrea


a Deinha, me empresta o Meu dinheiro, quando formos ao samba!? a smirnoff, lá, esta 6 reais, e não cinco. e vê se pára de rir com línguas alheias, que eu quero é dançar e assim só fico rindo.









fim de noite na Lapa, do nada um rapaz me diz que adora poesia.

Ah, é? Qual poeta você gosta?
Aí ele diz :
Drummond e Machado de Assis
Não conheço as de Machado,digo eu, mas imagino que poesia não seja o forte dele. E qual outro poeta você gosta?
Drummond e Machado


fim de noite.















































7.11.08

o trato ou : do que acontece quando o amante pede auto-estima

deixe-me entrar em casa. dar voz ao grito, samplear motivos, estar cativo. arisco . mal visto. pura queixa .
no meu grito inverso vozes ocas: me deixa.
as palavras são: risco, medo, tendência. você desaba minha sonorização. eu padronizo minhas neuroses. você rui. eu redial.

4.11.08

exercicio

1 mande seu poema para a sua caixa de emails, deixe passar o tempo, abra o email. se o poema te surpreender, vc foi pego por ele.



2 mande o mesmo poema para vários ótimos amigos. não leia a resposta. até lá provavelmente o seu poema já não será o mesmo.



3 leia bons poetas. depois volte aos seus textos com um olhar diferente



4 cogite a possibilidade de vc ser o seu próprio leitor
são três horas da manhã e eu não posso publicar por aqui o texto que comecei a escrever.
disciplina de apertar o botão rascunho
Andrèa Lion começa bem a estréia em blog.
Não poderia ser de outra forma.
Tenho o prazer de conviver com esta mulher sensível e conhecedora de tudo !!
http://fotoescrituras.blogspot.com/
felicidade funciona