Som na caixa

30.9.09

algumas rosas

A ROSA


A rosa é obsoleta
mas cada pétala sua finda em
gume, a dúplice faceta
cimentando as estriadas
colunas de ar - o gume
corta sem cortar
encontra - nada - se renova
a si mesmo em metal ou porcelana -

aonde? Finda -

Mas se finda
o início começa
de modo que avir-se com rosas
torna-se uma geometria -

Mais afiada, nítida, cortante
pintada na faiança -
o prato quebrado
com uma rosa vítrea

Algures o bom senso
faz roas de cobre
rosas de aço -

A rosa tinha peso de amor
mas o amor está no fim - das rosas
Está no gume da
pétala que amor aguarda

Crespa, cinzelada até frustrar
o deslavor - frágil
úmida, arrancada, soerguida
fria, precisa, comovente

O que

O lugar entre o gume das
pétalas e o

Do gume das pétalas sai uma linha
que por ser de aço
infinitamente fino, infinitamente
rijo penetra
a Via Láctea
sem contato - alçando-se além
dela - sem pender
nem impelir -

A fragilidade da flor
ilesa
penetra o espaço.


William Carlos Williams
tradução José Paulo Paes



Arte poética


Que o verso seja como uma chave
Que abra mil portas.
Uma folha cai; algo passa voando;
O que os olhos vejam, criado seja,
E a alma do ouvinte permaneça fremindo.

Inventa mundos novos e cuida de tua palavra;
O adjetivo, quando não dá vida, mata.

Estamos em um ciclo dos nervos
Pendura-se o músculo
Como lembrança, nos museus;
Mas nem por isso temos menos força:
O vigor verdadeiro
Reside na cabeça.

Por que cantais a rosa, oh Poetas?
Fazei-a florescer no poema;
Somente para nós
Vivem todas as coisas sob o Sol.

O Poeta é um pequeno Deus.

Vicente Huidobro
tradução Afonso Henriques Neto


Flores

Flores
negras no negro
inéditas

flores
opacas (nenhuma
estrela).

Nunca
irão saber que são
flores.

Orides Fontela

Luzes da cidade

A cidade está feita. A cidade está farta quinta feita farinha tijolo sábado e domingo a cidade está sujeita a crescer e a vejo ora vejam com os bairros e apólices petecas polícia, se engastalhando até a o céu do mel da minha boca boco ladrando

A cidade, lá com suas luminárias a vejam
a vejo como cidade, como uma cidade pode ser vista a varejo, com os faróis
servidos numa concha odalisca
uma cidade como as outras com astros segundas & sextas
vejo agora cidades ora vejam que ninguém nunca viu
exposta em postas tristes como as paredes paradas de um edifício sem cor

Leonardo Fróes

25.9.09




Formada em novembro de 2006 por sete amigos que encontraram uma fina sintonia em relação à música. Das referências à veia compositora. No blues progressivo, no rock-balada, no pop-psicodélico, principalmente, nas composições solidamente autorais, ressoam influências de Beatles, Stones, Gil, Tom Zé, Pink Floyd, Secos e Molhados, Radiohead, Steve Wonder, Ottis Reading. O Baile Convulsão é um pouco de tudo de um jeito muito próprio.

Com 2 guitarras (Tiago Leite e Bruno Emílio), bateria (Guilherme Lozinski), contrabaixo (Lula Mattos), trompete (Tiago Rodrigues), sax e teclados (Michel Klenjberg) e vocal (Tony Lima e Tiago Leite), a banda, que já se apresentou no Festival MOLA, no Circo Voador, e no Festival B de Banda, organizado pelo JB, lança o seu primeiro álbum, juntando-se ao time de bandas da Bolacha Discos. O álbum de Baile Convulsão, com suas 9 faixas em mais de 40 minutos, traz um sopro de renovação.

Nas palavras do jornalista Leonardo Burla:

A banda Baile Convulsão lança seu primeiro álbum.

O grupo carioca apresenta cardápio variado aos pés, mentes e corações. Do buquê ‘Espiral’ de flores psicodélicas, passando pelo voo cego de ‘Estive no País das Maravilhas’, ‘Nada demais’ é ausente na aquarela de tintas nem tão ‘Simples’ do conjunto.

Ao destas e de outras cinco faixas, o ouvinte menos atento pode até ficar indefinidamente ensimesmado, no entanto, nenhum corpo passará ao largo do baile. O trabalho já pode ser conferido no MySpace e em breve será lançado pela Bolacha Discos. O baile está à mesa, deguste sem moderação!”

http://www.myspace.com/baileconvulsao

18.9.09

Palhaço Birico


Estivemos pela segunda vez assistindo a Banda Paraphernália, que está as quartas-feiras, a partir das 24:00, no Pista 3.
Foi massa!
O Ramiro também foi. Dançamos à beça. Depois de confundir Murity com Friburgo, e do Lulinha falar da tal Luz ( percebeste??) . Ou antes disso. tudo.
Renova-me ouvir boa música. Deste naipe. Escutar o improviso de flauta que ouvi. E o de trombone.
Por mim, se tivesse todo dia, eu ía todo dia.



Bananeira

Composição: João Donato e Gilberto Gil

bananeira, não sei
bananeira, sei lá
a bananeira, sei não
a maneira de ver

bananeira, não sei
bananeira, sei lá
a bananeira, sei não
isso é lá com você

será
no fundo do quintal
quintal do seu olhar
olhar do coração


9.9.09

Correlações

Os Vigias da Noite (F. Brennand)




Falo Só (Tony Lima)

Eu sonhei, que mudava de tamanho
Numa tarde de verão, tomando banho

Todos os dias vejo surgir
Uma cobrança, se repetindo

Venho de um lugar pequeno,
onde todos são pequenos,
mas não eu, eu sou maior
falo grande, falo só

Todos os dias vejo surgir
Uma cobrança, se repetindo

Eu sonhei, que mudava de tamanho
Numa tarde de verão, tomando banho

Todos os dias vejo surgir
Uma cobrança, se repetindo

Venho de um lugar pequeno,
onde todos são pequenos,
mas não eu, eu sou maior
falo grande, falo só

Procurando o significado da palavra Correlação, encontramos o seguinte:

Em teoria da probabilidade e estatística, correlação, também chamada de coeficiente de correlação, indica a força e a direção do relacionamento linear entre duas variáveis aleatórias. No uso estatístico geral, correlação ou co-relação se refere a medida da relação entre duas variáveis, embora correlação não implique causalidade. Neste sentido geral, existem vários coeficientes medindo o grau de correlação, adaptados à natureza dos dados.

Vários coeficientes são utilizados para situações diferentes. O mais conhecido é o coeficiente de correlação de Pearson, o qual é obtido dividindo a covariância de duas variáveis pelo produto de seus desvios padrão. Apesar do nome, ela foi apresentada inicialmente por Francis Galton.

Coeficiente produto-momento de Pearson

Propriedades matemáticas

O coeficiente de correlação ρX, Y entre duas variáveis aleatórias X e Y com valores esperados μX e μY e desvios padrão σX e σY é definida como:

\rho_{X,Y}={\mathrm{cov}(X,Y) \over \sigma_X \sigma_Y} ={E((X-\mu_X)(Y-\mu_Y)) \over \sigma_X\sigma_Y},

onde E é o operador valor esperado e cov significa covariância. Como μX = E(X), σX² = E(X²) − E²(X) e , do mesmo modo para Y, podemos escrever também

\rho_{X,Y}=\frac{E(XY)-E(X)E(Y)}{\sqrt{E(X^2)-E^2(X)}~\sqrt{E(Y^2)-E^2(Y)}}.

A correlação é definida apenas se ambos desvios padrões são finitos e diferentes de zero. Pelo corolário da desigualdade de Cauchy-Schwarz, a correlação não pode exceder 1 em valor absoluto.


OU SEJA:



Em linguagem figurada!

Em Recife, visitando a Oficina F. Brennand







A solidão e sua porta

Quando mais nada resistir que valha

A pena de viver e a dor de amar

E quando nada mais interessar

(Nem o torpor do sono que se espalha)



Quando pelo desuso da navalha

A barba livremente caminhar

E até Deus em silêncio se afastar

Deixando-te sozinho na batalha



A arquitetar na sombra a despedida

Deste mundo que te foi contraditório

Lembra-te que afinal te resta a vida


Com tudo que é insolvente e provisório

E de que ainda tens uma saída

Entrar no acaso e amar o transitório.


Carlos Pena Filho