Som na caixa

29.12.10

uma poesia relativamente antiga, que escrevi em Portugal

sob tudo o que desconheço
pousa meu olhar tácito
na procura do que possa
abranger a própria procura.

sob o que desconheço
meu olhar descalço
no que há de mim ávido.


eu, olho aberto
quero respirar
ao alcance das minhas mãos

quero tocar:
estar dentro das coisas
para ter pausa

deixar de ser olho,
ser coisa

(para acreditar
preciso estar)

um corpo que cumpre o seu estado

mais: ver sob todas as outras formas
de existência
as visões que desconheço

não há nada que eu entenda
a não ser próxima e subjetivamente.

olhos são sempre expansões,
deriva
vertentes onde ando eu ,ou você


OU

sobre o olho ser seletivo
ou o encontro de águas
nós próprios, países
ou coisas específicas
lagartos atingidos, a pedra ter peso

OU

A estréia de um pensamento 
seu espaço no universo físico
quais as micro ligacões
anteriores para que ele se apresente.
As pequenas intervenções
e as relações entre pensamentos
dentro do cérebro, quando convulsiona

24.12.10

o preço que se paga

Vários eus, muitos elos.Uma casa que não materializo. Zelo e desespero na escada, na entrada submersa reflito. Vários eus, muita gente de fora olhando sem interrogações à altura da minha loucura. Boicote. Suspensão.Cada um de meus pedaços desvia-se. Em diagonal, vejo a lateralidade dos sonhos-objetivos. No luto me refresco. Com sombras e deuses latindo. De onde possa ver melhor o amor.&,&,& divisão e euforia. Poucas vezes estive na zona de conforto. Conforto, para mim, é abraço. É onde desmonto(mãos nos cabelos). A cada passo intento estar (e sou) intensa.

15.12.10

subtração. entreato. escapismo.
(residência na névoa.)
muitos e muitos amigos.
nenhuma palavra que impeça.
sob a tortura do prazer
na impossibilidade de sair dele
para trás,
" é moralismo, é julgamento"
fuma, bebe, cheira, dorme de dia
" estou livre, estou bem"
na saia da mãe



obs: isso não é poesia. não dá para tirar poesia da preocupação.