Som na caixa

28.1.10

Uma vez Calixto,




O Phantópera da Asma é uma banda de música eletrolírica. O Phantópera da Asma é uma sensação contemporânea. Como é? O Phantópera da Asma é algo entre os Beatles, Karlheinz Stockhausen, Frank Zappa, Roberto Carlos, Ramones e o day after de um homérico porre de Fogo Paulista. Mas como é que é? Tudo ao mesmo tempo. E nada ao mesmo tempo também. Uma banda de patafísicos etílicos.  O Phantópera da Asma está gravando seu primeiro álbum intitulado Goober Soul. O álbum é composto por 12 canções sem qualidades – num mundo sem qualidades, nada mais honesto que canções sem qualidades. O destaque vai para “Tristan’s Contemporary Love Song”, uma canção de amor climática e triste (onde usam inserções lisérgicas (seja lá o que isso queira dizer) e melotron) e a versão personalíssima da música “4’33” do compositor erudito John Cage. A gente não sabe fazer música, mas a gente faz por pirraça. E, claro, diversão. Afinal: “A felicidade do Homem é uma Felicidade Guerreira. Viva a rapaziada! O Gênio é uma grande Besteira” (Oswald de Andrade).

Dados do disco de estréia (a sair no final do ano):

Goober Soul (2010)


1. A primeira canção d’O Phantópera da Asma – suíte
2. Goober Soul
3. Cachorra saussuriana
4. Tristan’s Contemporary Love Song
5. Alta noite (Singing in the shower version)
6. Prozac Days
7. O espantalho e o coronel
8. Galactus Song
9. Um zoom de azuis
10. Você não deverá entender nada
11. Oswaldiana
12. 4’33

Todas as canções são de autoria da banda, exceto “Alta noite” (Arnaldo Antunes) e “4’33” (John Cage).


O Phantópera da Asma é:


Calixto – guitarra & voz & etc.
Frango – guitarra
Sagayama – baixo
* Na bateria, sempre um amigo convidado para tocar nos discos e/ou shows

Como petisquinho de entrada, antes da feijoada completa, mando a letra (não pude mandar a partitura, já que estou sem scanner para digitalizar a dita) de “Tristan’s Contemporary Love Song”.





That’s all folks!

Tristan’s Contemporary Love Song


Ela é a mulher
Que sabe bem
O que ela quer

Se é nadar ou rock’n’roll
Se é beber no Bar do Moe
Se é habitar o que eu sou
Ler Edgar Allan Poe

Se eu a chamar
De Iá-iá
Ela não vai
Nada gostar

Mas ama farra
Já tocou tarol
No Farol
Da Barra

Ela é a mulher
Que curte ler
No amanhecer
No belvedere

Gosta de tango
De Moliére
E do satânico
Baudelaire

Conheceu o ativista
John Sinclair
Foi cellista
& bruxa de Blair

Ela é a mulher
Ela é a mulher

Ela é a mulher
Cujo mister
É estar pra o que
Der e vier

Ela é uma parada
Linda fadinha
Deixa sempre minha
Espada tarada
(Lâmina quente)
Entrar atrás, na frente,
Em cima, em baixo, entre

Ela é a mulher
Ela é a mulher

Ela me ama
Ela me quer
Ela me chama
De Corbière

25.1.10

2 cartas para um amor

sobrancelhas pretas
cílios agrupados
em 14 grupos
fio a fio

.............

 na ponta das pedras
 o equilíbrio das solas dos pés

24.1.10

24-01-10

 Eu e a Sahyja passamos um domingo bem bacana. Fomos ao CCBB, no "Contos  Clássicos Brasileiros", ao "Lê para mim" no centro Cultural dos Correios, ao " Laboratório de Ações Criativas", onde a moça nos falou sobre moldura, o quanto ela influencia um quadro e sobre pintura abstrata ou de natureza morta, e onde criamos nós mesmos, com objetos , situações   descritas num papel. No  nosso   quadro, a grama transbordou  sobre a moldura, o que achamos um efeito interessante. Fizemos o quadro em grupo, e  a situaçao descrevia uma pipa, com meninos em volta.   Depois disso tudo, ainda fomos á exposição maravilhosa de  Caio Reisewitz. A Sahyja ficou impressionada com a veracidade   em que  as fotografias estavam inscritas, e acabou falando :parece verdade, mamãe.   Foi muito curioso que ela tenha  descrito   exatamente o nome da exposição. Outra frase interessante que ela disse foi: parece que vem por cima da gente.È, e  dá para pegar.
Muito legal o olhar de uma menina de 6 anos!  As fotos são lindas, e eu me impressionei. Para mim, pareciam quadros, de tão perfeitas as fotografias.
          Só para registrar  bons momentos.

20.1.10

Depois da chuva

A chuva  que caiu noite e dia e noite
pára à luz
 deste dia mortiço e sufocante. O sol aproxima-se
para indagar o que aconteceu.
O caminho entre as árvores tem orlas novas
em tons  de púrpura
dentro do canteiro de erva fina e luminosa:
 Pois tudo o que
em Novembro ficou das folhas é arrancado
da aveleira e dos espinhos
 e das árvores maiores. Ao longo da mata
já não caem folhas mortas
na erva cinzenta, no musgo verde, no feto queimado e alaranjado,
porque o vento voltou;
As pequenas folhas  do freixo da cabana
 espalham-se ao acaso
no caminho, como pequenos peixes negros, embutidos na terra
como se fossem parte  de um jogo.
 Lá mais abaixo pendem de uma miríade de ramos
fortes e despidos
doze maçãs amarelas muito belas
numa macieira brava.
E em cada galho de cada gota de água no vale
cristais já escuros e luminosos da chuva
que de novo começa.


   Edward Thomas

14.1.10

fogo mata

 Incendiar diretamente o solo afeta o espaço físico, as substâncias minerais e as características biológicas do solo. Ou seja, não é bom.  O fogo mata plantas, minhocas, bactérias boas, raízes, microorganismos, pequenos animais. Com a utilização do fogo, fica complicado criar um espaço orgânico produtivo. O fogo causa poluição do ar, redução da diversidade de plantas, problemas na saúde humana. Já está comprovado que o fogo não é uma alternativa para a preparação dos solos . Criar solo é o oposto de queimá-lo.


    do livro   :  Soluções Sustentáveis, de Lucia Legan

AQUI- Octavio Paz

Meus passos nesta rua
ressoam
em outra rua
onde
ouço meus passos
passando nesta rua
onde
só  é real a névoa

12.1.10

A morte de meu pai - Yehuda Amichai

 Meu pai, de repente, de todos os aposentos
partiu para suas estranhas lonjuras.

 Ele partiu para chamar seu  Deus
para que nos viesse ajudar agora.

 E Deus já chegou, como um operário, servente
 e pendurou seu casaco num prego da lua.

 Mas nosso pai, que foi buscá-lo,
 Deus o guardará para sempre consigo.